Postado originalmente no meu ex-blog "Memórias dum átomo" (Homenagem a João da Ega)
Thursday, December 29, 2005
Não tinha um meteoro entrando na órbita da Terra?
Procurei hoje ler sobre esse meteoro e só encontrei falando sobre um que cairia por aqui em 2019. Mas não havia outro para 2038 / 2048?
Esse de 2019, segundo o Observatório Nacional, não deve mais vir pra cá. Mas sei lá...
Pensei tanto sobre isso. Fiquei com tanto medo de morrer. Me deu tanta pena do mundo construindo e construindo coisinhas, todo dia o dia todo, pra acabar tudo num só momento. Porque uma coisa é você morrer sozinho, mas saber que tudo morre com você deve ser duro. Isso é coisa pra deuses suportarem, não eu.
Mas, se o mundo acaba e eu sobro com uns poucos, aí realmente eu vou ter um problema. Não haverá papel, lápis ou caneta, livros, cinema ou dvds, não haverá pcs ou internet. Na verdade, não vai ter muita gente, provavelmente, nenhuma lojinha. Ah, claro, acho que não vai ter muita comida. Nem Rivotril.
Devo ser estuprada diversas vezes por dia e certamente engravidarei. Como criarei meu serzinho das cavernas? Vou falar pra ele de como a vida era e não vou poder reproduzir nada pra ele porque tudo que sei parte de alguma outra coisa que surgiu de alguma coisa que um dia foi retirada da natureza. Eu sou usuária da terra mas não sei fazer nada diretamente dela. Não sei fazer papel, não sei fazer panela, não sei arranjar sal, não sei fazer máquina que faz carro, não sei fazer máquina que faz cd, não sei onde arranjar cada pecinha da tevê nem de que ela é feita. Não sei fazer nada pro meu filhote das cavernas, não sei nem como impedi-lo de nascer sem me matar junto.
É incrível como ando pelas ruas e eu não sei fazer nada do que tem em volta. Acho que isso deve ser ignorância.
Outdoor - tenho idéia de como se imprime, como se faz o suporte de madeira, mas não sei sobre as tintas, a cola e a maneira de colar. Além do mais, normalmente não sei muito sobre o que está sendo anunciado.
Carro - sei que anda com gasolina, com álcool ou com gás. Mas por que ele anda com isso eu não sei.
Rua - Não sei como fazer asfalto nem como fazer as máquinas que jogam asfalto nem as máquinas que colocam ele liso.
Céu - Não sei por que é azul. Já me explicaram, mas foi tão vago que eu acabei esquecendo.
Mar - Fico profundamente impressionada com o mundo subaquático. E, inclusive, tenho muito medo dele. Acho tudo absurdo, desde as ondas até a ligação da lua com a marés.
É triste, mas a verdade é que, se eu sobrar na Terra, vai ser um desperdício de pulmão, olhos, pernas, dentes... Certamente, seriam melhor aproveitados em outra pessoa.
domingo, 28 de outubro de 2007
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6 comentários:
¬¬
como dizem? a necessidade faz o sei lá o quê. quem sozinho seria bom pra ficar? eu sei um pouco de várias coisas, assim como vc. e com o que sei, se não morresse de solidão, seria capaz de começar das plantas.
"melhores aproveitados"? isso existe mesmo? :-O
Cindy, vem aqui no quarto pra eu te explicar pq o céu é azul... e ainda te explico sobre a fotossíntese, o processo de decomposição da matéria orgânica, cadeia alimentar e noções de como um carrinho é montado.
Acho que não existe, não...
Adoro a maneira como sua cabeca funciona. Sei que pra vc nao deve ser muito cômodo..hehe. Mas eu acho ótimo como a sua imaginacão vai longe, partindo de uma pequena ideia como um meteoro.
Essa é a cindy que eu conheco.:)
Lindo texto...
Beijos!!
Esse é um dos textos da Cindy que eu mais gosto.
Mostra bem quem ela é. ¬¬
Hehehe
É um ótimo assunto para um bate-papo com amigos.
Infelizmente não tenho tido muitas conversas como essas ultimamente. Mas da última vez, fiquei filosofando com 2 amigos em um boteco no Jardim Botânico com várias cervejas em garrafa em cima da mesa. Um dos assuntos foi a preocupação do meu amigo em ser uma célula de um gigante (o mundo).
Bom, não dá pra explicar...rs...
Esse exemplo foi só pra falar que adorei o post!
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