quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Sobre como, às vezes, nossas supostas soluções para os problemas não nos ajudam em nada

Yak Baba estava procurando o País dos Tolos. Depois de muitos meses perguntando a quantos transeuntes apareciam em seu caminho, alguém soube indicar-lhe a estrada e por ela ele seguiu. Ao entrar no País dos Tolos viu uma mulher carregando uma porta sobre as costas:

- Por que fazes isto, mulher? - perguntou.

- Porque hoje de manhã meu esposo, antes de ir para o trabalho, disse que havia deixado coisas valiosas em casa e que eu não deixasse passar ninguém pela porta. Por isso estou carregando a porta comigo; assim, ninguém pode passar.

-Quer que eu lhe diga algo que tornará desnecessário levar esta porta a toda parte? - perguntou o dervixe* Yak Baba.

-De jeito nenhum - disse a mulher. - Só quero que me diga como fazer para que a porta não pese tanto…

- Isto não posso - disse o dervixe. E cada qual seguiu seu caminho.

(Do Mestre Sufi Murad Shami, falecido em 1719)

*Um dervixe é um monge muçulmano. A maioria dos dervixes leva uma vida nômade de abnegação, vivendo de esmolas. A palavra dervixe vem do persa e significa "mendigo" ou "mendigo religioso".

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

"sentimento de não-pertinência ao mundo cotidiano"


Laura Brown está tentando se perder. Não, não é bem assim - está tentando se manter, entrando num mundo paralelo.

(...)

Ela escova os dentes, escova os cabelos e começa a descer. Pára vários degraus acima do fim da escada, escutando, esperando; está de novo possuída (parece estar piorando) por uma sensação meio onírica, como se estivesse nos bastidores, próxima da hora de entrar em cena e atuar numa peça para a qual não está adequadamente vestida e para a qual não ensaiou como devia. O quê, pergunta-se, estaria errado com ela. É seu marido que está na cozinha; e seu filhinho. Tudo que homem e menino exigem dela é sua presença e, claro, seu amor. Ela vence o desejo de voltar em silêncio lá para cima, para sua cama e seu livro. Vence a irritação que lhe causa o som da voz do marido dizendo alguma coisa a Richie sobre guardanapos (por que será que a voz dele a faz pensar às vezes numa batata sendo ralada?). Ela desce os três últimos degraus, atravessa um hall estreito e entra na cozinha.

(Michael Cunningham - As Horas)

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

nonononono

Eu coloco muito vídeo aqui. Acho que isso não é muito convidativo, mas não consigo não pôr porque é o que mais faço na internet.

Eu não baixo música, jogos, softwares, não leio mil coisas nem escrevo; eu vejo vídeos. Quase tudo que eu vi ou soube nos últimos meses eu devo ao Youtube. Eu relaxo completamente vendo vídeos curtos de "não ficção". Serve necropsia, cirurgias em qualquer parte do corpo, acidentes no geral, cartoons, filhotes lindos, bichos escrotos, experiências adolescentes, dribles fantásticos, mágicos, explicações sobre novos softwares ou aparelhos, coisas engraçadas, coisas sobre outros países, bebês ótimos... Mas o melhor é quantidade de clipes que eu vejo. É do tipo "how much", incontável.

Daí que reparei que diversos clipes ou letras que em minha juventude eu achava sem (sêm, para o plural, hohoho) sentido na verdade são bem facinhos de entender. Eu só não os entendia porque eu achava que não era pra entender. Mas agora o que eu acho mais difícil é fazer algo desprovido de sentido, porque a desgraçada aqui vê sentido em tudo. No geral, os dias são bem (bêm) óbvios, "as horas" passam cheias de mensagens, sinais. Nada de inconsciência da informação.

Por favor, tentem fazer algo realmente sem sentido e me mostrem. Eu adoraria me esvaziar um pouco de letras que formam palavras, cores que formam imagens etc. Eu realmente gostaria de me aprofundar em uma falta de mensagem.

Iscá iá iá i

Não fui no show da Madonna, mas o povo do trabalho foi e depois não se falava de outra coisa. Enfim, fiquei a semana INTEIRINHA com Ray of Light na mente (que eu nem sei se ela cantou, ou pleibecou).

Depois disso, conversando com Camilla, nossa fantástica estagiária, ouvi uma pergunta que há muito tempo não ouvia: "sabe quando você sabe que tá dançando estranho?" Ela tava falando daquele momento em que você está bem bêbada, sabe que não está conseguindo dançar no ritmo da música, tem certeza de que todos estão reparando, mas acredita que no fundo é tudo nóia sua.

Resumindo os dois parágrafos acima, a humanidade fez um vídeo:


Meus melhores momentos:

- Dança da Samara - 1:08 (de leve), 1:31 (high level)
- Descontrolei, HAHA - 1:36, 3:23
- Descontrolei estranho - 2:32, 2:34, 2:37, 3:17, 3:29, 3:41
- Rebola com a ponte, ném - 1:50
- Se joga na ponte, bonita - 2:12

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Darling can't you hear me? SOS!

Tem um dinamarquês malucão que roubou 1 bilhão de coroas dinamarquesas (+ ou - 350 milhões de reais) da empresa de IT onde ele era diretor. O cara viajou pra Dubai com a esposa e, de lá, vanished in the air. Umas 2 semanas depois, ele se entregou à polícia de Los Angeles, ficou um tempinho preso lá e foi transferido hoje pra macia Dinamarca e seu mole coracão jurídico.
Mas o interessante é que no avião a caminho de Copenhague ele assistiu o filme Mamma Mia. Sim, aquele musical do Abba. E outro dia eu ouvi de fontes seguras que Nelson Mandela ouvia Abba na prisão.
Tem alguma coisa entre Abba e cadeia....

domingo, 14 de dezembro de 2008

Para alegrar o domigo! \o/



=D

ps: a dublagem brasileira é MUITO boa! pra mim, a melhor do mundo e em muitos desenhos fica bem melhor do que a dublagem original.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Dezembro em Copenhague

Então eu vou falar, né. Vou falar mal de Copenhague.

Aqui existe uma tradição chamada Julefrokost (traduz-se almoço de natal, apesar de ser á noite). São jantares normalmente organizados pelas empresas , onde a galera come bem, canta as musiquinhas engraçadas-ha-ha dinamarquesas deles, se matam de beber, fazem um monte de merda, trocam presentinhos e traem os companheiros. Sim, porque não pode levar marido-esposa-namorado (a). Não tô brincando. Todo mundo sabe que o objetivo é cair de beber e trair. É como se fosse perdoável nessa época do ano. Só pra vocês terem idéia de quanto eles bebem, o ministério da saúde estabeleceu como aceitável 21 doses por semana para um homem e 14 para uma mulher. Onde 1 dose= 1 long neck. Quer dizer, tudo bem beber 2 ou 3 cervejas por dia durante toda a sua vida, sem ser considerado um alcoólatra. Mas isso na base do dia-a-dia, hein? Agora tenta imaginar como fica a coisa nessas festinhas de empresas. Imagina só: tá frio pra caralho, o dia amanhece às 9 e termina ás 3 e meia da tarde. Se você trabalha num escritório normalzinho de 9 as 5, você não vê luz, não! Sol, nem sonha!! Já não vejo a cara dele há quase um mês. Então, aí a galera fica meio bitolada em trabalho-família-trabalho-família. Essas festinhas viram válvula de escape. As festinhas e a histeria natalina, mas isso é outra história.

Mas eu quero chegar mesmo é no inferno que a cidade vira nessa época do ano. Eu acabei de chegar em casa. Voltei de metrô e ônibus da casa de uma conhecida às 2 da manhã. Grávida e 100% sóbria. Sério, parece que eu moro numa cidade habitada por retardados. Sem brincadeira. TODO MUNDO está bêbado. TODAS AS PESSOAS na rua estão bêbadas. E as ruas estão cheias. O metrô lotado, e as pessoas desaprenderam a pedir licença, a ignorar estranhos, a não cair encima dos outros, a não encarar. E eles gritam. Tudo o que eles não gritam o resto do ano. É como se eu vivesse num grande centro de reabilitação social, onde todos os pacientes acabaram de chegar.

Obrigada.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

BraZil

Lembro de ter lido em Junho ou Julho um post da Cindy (ermaaaaaaaaaaan) dizendo que ela nao tinha muito interesse em ir a parada gay do Rio. Fiquei, na epoca, pensando que eu entendia exatamente o que ela estava dizendo. Na verdade eu tenho que confessar que fico meio tensa na semana da parada de Sao Paulo, ja que faz algum tempo que ela serve mais pra me deixar com vergonha do que com orgulho. Lembro que da ultima vez que fui eu vi algumas pessoas se pegando forte, bem forte, FORTE DEMAIS. Eesquecendo que estavam no meio da rua, na frente dos heteros que sairam de casa com uma bandeirinha na mao pra mostrar que sao fofos e voltaram pra casa chocados, chorando, solucando de odio, rasgando a bandeirinha e tatuando uma suastica no tornozelo.

Eu fiquei chocada com um monte de coisas que vi nas paradas gay e eu sou gay.
Enfim, a parada de Sao Paulo eh eh uma grande micareta gay que infelizmente acontece na Paulista pra todo mundo ver.

Neste ano eu pude dar uma olhada de perto na parada gay de Londres e por aqui eu vi uma coisa completamente diferente. E isso me fez pensar outra coisa que nao tem nada a ver com paradas gay e com a primeira parte do post. Hehe...

Eu estou morando fora do Brasil faz um ano e por estar morando fora eu me sinto extremamente mal em comparar as coisas entre aqui e ai. Eu queria muito dizer que a parada daqui eh organizada, o clima eh completamente diferente, ninguem esta atras de putaria e bla bla bla.
Mas eu me sinto uma cretina se fizer isso. Como se eu tivesse cuspindo no meu prato depois de comer. A velha estoria de voce poder falar mal da sua familia, porque voce esta inserida nela. Aquela diferenca entre voce falar mal da sua irma pro seu vizinho e do seu vizinho falar mal da sua irma pra voce. Acho que eh mais ou menos isso, se voce nao esta dentro, voce nao pode falar mal. Eu nao estou mais no Brasil, portanto nao me sinto a vontade de criticar mais nada sem me sentir culpada/hipocrita/maldosa/arrogante.

Sei que um monte de gente aqui no alotofcoisas esta morando fora do Brasil. Algum de voces passa por isso? Ou sera que isso nao faz sentido nenhum?

P.S.: Fico com medo de escrever aqui porque voces meninas que eu amo estudaram Letras e eu escrevo como se ainda estivesse na terceira serie e uso virgulas nos lugares errados, mas mesmo assim vou tentar escrever de vez em quando pra ver se eu ajudo a fazer voces desistirem da ideia de tirar o blog do ar.
Ufa, postay! Saudades.

La cogida y la muerte

A las cinco de la tarde.
Eran las cinco en punto de la tarde.
Un niño trajo la blanca sábana
a las cinco de la tarde.
Una espuerta de cal ya prevenida
a las cinco de la tarde.
Lo demás era muerte y sólo muerte
a las cinco de la tarde.


El viento se llevó los algodones
a las cinco de la tarde.
Y el óxido sembró cristal y níquel
a las cinco de la tarde.
Ya luchan la paloma y el leopardo
a las cinco de la tarde.
Y un muslo con un asta desolada
a las cinco de la tarde.
Comenzaron los sones del bordón
a las cinco de la tarde.
Las campanas de arsénico y el humo
a las cinco de la tarde.
En las esquinas grupos de silencio
a las cinco de la tarde.
¡Y el toro, solo corazón arriba!
a las cinco de la tarde.
Cuando el sudor de nieve fue llegando
a las cinco de la tarde,
cuando la plaza se cubrió de yodo
a las cinco de la tarde,
la muerte puso huevos en la herida
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
A las cinco en punto de la tarde.


Un ataúd con ruedas es la cama
a las cinco de la tarde.
Huesos y flautas suenan en su oído
a las cinco de la tarde.
El toro ya mugía por su frente
a las cinco de la tarde.
El cuarto se irisaba de agonía
a las cinco de la tarde.
A lo lejos ya viene la gangrena
a las cinco de la tarde.
Trompa de lirio por las verdes ingles
a las cinco de la tarde.
Las heridas quemaban como soles
a las cinco de la tarde,
y el gentío rompía las ventanas
a las cinco de la tarde.
A las cinco de la tarde.
¡Ay qué terribles cinco de la tarde!
¡Eran las cinco en todos los relojes!
¡Eran las cinco en sombra de la tarde!

(Federico García Lorca)

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Radiohead, né, não, minha gente?

Toda arrepiada já...



Serei nada mais que um pontinho se debatendo como uma molécula que forma o sólido.

Falei e disse!

Oh Laura - Release Me



I am the wilderness locked in a cage
I am a growing force you kept in place
I am a tree reaching for the sun
Please don't hold me down
Please don't hold me down

I am a rolling wave without the motion
A glass of water longing for the ocean
I am an asphalt flower breaking free but you keep stopping me
Release me
Release me

I am the rain that's coming down on you
That you shielded yourself from with a roof
I am the fire burning desperately but you're controlling me
Release me
Release me

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

To hold me closer or set me free – I wish I cared



Redescobri o A-ha. Quando era criança, eu AMAVA essa banda. Não sei, por ser criança na época, se era uma banda 'legal' ou se era cafona gostar de A-ha. De qualquer forma, eu cresci gostando e gosto até hoje. Taí uma musiquinha deles.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

old times


A foto foi encontrada durante a mudança e eu não pude deixar de compartilhar! :D Saca Juli super sapa

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Realidade


"Se a realidade existe a gente não precisa acreditar nela. Pois se acreditarmos, ela torna-se um objeto de credo. E se for um credo, então deixa de ser uma realidade objetiva. Se ela é uma realidade objetiva, não precisa que nós acreditemos nela pois é objetiva. Porém, se você acreditar nela, ao contrário, você não a estará honrando como uma objetividade e ela passa a não existir mais. É como Deus, você entende? Se você começa a acreditar nele, ele não existe mais enquanto Deus. Torna-se um objeto de credo. E isso não O honra muito, pois na sua Existência Ele não tem nenhuma necessidade que as pessoas acreditem Nele. A única chance de a realidade existir é nós não acreditarmos nela…"

(Jean Baudrillard)

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A realidade! Ando pensando muito nela e confesso às vezes entrar numa onda muito doida. Outro dia fui a uma contação de histórias para adultos no CCBB e o tema era o tempo. Tempo e realidade para mim estão juntos. Vocês já experimentaram a sensação de mudança quando alteramos nossa noção de tempo?

Acabei de lembrar uma outra coisa: o espaço. Tempo, espaço...velocidade. Célebre fórmula da física. Então... o tempo tem relação com o espaço, a distância, o caminho e com a velocidade. Baudrillard fala disso e já li uma entrevista dele comentando sobre 3 filmes que teriam se baseado (mesmo que sutilmente) nas suas idéias: Matrix, O Show de Truman e Cidade dos Sonhos. Segundo ele, os dois últimos conseguiram captar a mensagem: a diferença entre ilusão e realidade não é assim tão evidente.

O filme de David Lynch (Cidade dos Sonhos) pra mim faz parte daquelas coisas que não fazem o menor sentido, mas que incomodam demais! Vi a primeira vez e “não gostei”. Está entre aspas porque tenho a impressão de que tenho vergonha de dizer que amei o filme mas não entendi lhufas. Aí acho melhor falar que não gostei. Na segunda vez gostei “menos ainda”, pq entendi NADA. É fantástico.

Desculpem, mas ando com agitação mental. Então tá tudo desorganizado. Soma-se a isso minha preguiça em escrever.

Pó pará com o pó

Saca o sorrisão

http://ego.globo.com/Gente/Noticias/0,,MUL884171-9798,00-JOGADORA+MARTA+LEVA+COLEGAS+SUECAS+PARA+ENSAIO+NA+MANGUEIRA.html