sábado, 26 de julho de 2008

Tô besta – depoimento

Deixa o vídeo baixando e vai lendo. Depois, se quiser a letra, acompanhe aqui: Teardrop


Quando uma coisa muda na vida, a percepção de todas as outras coisas da vida muda junto, né? Assim: você estuda e trabalha. Faz isso por um ano seguido pelo menos. No fim desse ano você acredita que a vida é do jeito que você a está sentindo naquele momento. Inclusive acha que sempre foi assim e não entende como você fazia antigamente tantas coisas que agora parecem tão sem sentido.

Ok.

Você começa a fazer academia antes de trabalhar e estudar e tudo muda. Você acha seu trabalho diferente, seu curso diferente, estabelece novas maneiras de se relacionar, sente fome em momentos diferentes, tem vontade de fazer coisas que antes não tinha, dorme em outros horários, passa a ver sua cidade em um horário mais cedo e tem uma nova visão dela etc. Tudo muda.

Sim, depois de mais ou menos um ano você acha de novo que a vida sempre foi assim e que você fazia coisas absolutamente sem sentido, mas aí você insere um curso de inglês, por exemplo, e pronto, uma "brand new" vida surge para você de novo e então até Deus parece mudar de personalidade.

Agora, experimente sair de um longo e profundo relacionamento e de seu exigentíssimo emprego quase ao mesmo tempo e iniciar outro profundo relacionamento e começar a trabalhar em uma empresa com prioridades quase opostas as da anterior também quase ao mesmo tempo. Chega a ser engraçado ver a quantidade de vezes em que te perguntam por dia "está tudo bem? como você está? me conta tudo?"...

Deus pra mim atualmente é Shiva, e realmente ela não sai da pista nunca, tá sempre na "jogação". Não sei nem se pára para ir ao banheiro ou comprar cerveja... Acredito profundamente que alterar a visão sobre a vida é uma das missões mais básicas que temos a cumprir na vida. Acho que isso é viver profundamente a estética da recepção, néam? (Linha professor doutor...) E acho que isso é envelhecer, afinal é necessário tempo para ver ciclos fechando e iniciando e é necessário estar prestando atenção ou "inteiro" ou "comprometido" ou "qualquer coisa do gênero".

Olha, eu tô precisando mesmo voltar a escrever ficção porque eu tô ficando muito auto-ajuda com esses depoimentos. A ficção disfarça a auto-ajuda, fica imbutida e camuflada na "vivência do personagem" e, assim, mais nobre. Tenho que parar com essa coisa "vida mística", com 30 anos não pega nada bem... Melhor tentar uma coisa Eça, algo tipo "Os Leopoldos" ou sei lá.

13 comentários:

marta disse...

Isso é experiência, minha cara Cindy.

E o melhor: isso é vida! =)

marta disse...

Mas, por falar nisso, quer ir na palestra do Tao Te Ching comigo terça?

marta disse...

ps: música e clipe maravilhosos.

Guadalupe B disse...

Concordo, Cindy. Mudar a vida toda assim, radicalmente é uma experiência linda e necessária. É incrível como a a nossa cabeca abre e ao mesmo tempo ficamos meio inertes. A gente só saca o que fez depois de um tempo. Eu larguei a faculdade, me apaixonei por um homem (depois de uns 5 anos só com mulher), mudei de país e consequentemente saí de casa e fiquei independente. E casei. Tudo num espaco de 1 ano. Acho que foi o ano mais agitado da minha vida. E agora eu me considero completamente transformada, como se eu me conhecesse melhor. É como se a gente só soubesse MESMO quem a gente é, quando tudo revira na vida, quando somos colocados ou nos colocamos em situacões completamente desconhecidas.
Bom, aproveite isso td!!!

Guadalupe B disse...

Desculpe a linha auto-ajuda..hehe me inspirei em vc.

Maria de Fatima disse...

Cindy, tô bêbada. Li tudo bêbada, mas lúcida. O negócio é o seguinte: o papo da impermanência é a única certeza além da morte. A gente precisa curtir as coisas, porque tudo desaparece. Mas também, se não curtir não tem problema, porque outras coisas surgem e a gente agarra as oportunidades que puder.

Unknown disse...

cindy: volte a beber.

todoseles disse...

Jordana, eu não parei de beber, mas até acho que, assim como a senhora, eu deveria. Mas, Fátima, da próxima vez me chama que eu gasto no teu ouvido até vc apagar!
Fernanda, eu amei tudo que você falou. Sua vida é sem dúvida a mais cheia de reviravoltas por escolha própria que eu conheço. Eu às vezes te acho louca, às vezes muitíssimo corajosa, às vezes os dois ao mesmo tempo. Que engraçado ter te achado na internet no irc, hahahaha, que sorte incrível!
Marta, esse clipe já me fez chorar tanto, jesus! Acho fodida a situação do bebê, uma solidão que só deve ser comparável à solidão da morte, chuto... O taoísmo vai ter que ficar pra outro dia de novo, estou em uma semana enrolada com frila e mbazismos. Muito obrigada por ter lembrado!

marta disse...

É, a solidão do bebê é grande, mas é uma solidão boa. Ele sabe que está protegido.
Acho que a solidão da morte é ruim, pq vc sabe que vai acabar e ser uma sensação muito de carência e desproteção.
Ih... tÔ viajando muito aqui, melhor parar!!
=)

AR disse...

Eu acho que esse meu momento reviravolta aind avai chegar.

Fernanda: será que foi seu retorno de Saturno? Você fez 29 anos?

todoseles disse...

Marta, e o que garante pro bebê que há "vida lá fora"? Que há alguém esperando por ele, há um mundo na verdade esperando por ele? Ele nasce tão sem noção quanto a gente morre... A mãe está para o feto assim como deus está pra gente. "Pronto, falei!"

marta disse...

Concordo com a última frase. Mas, enquanto o bebê não sabe de nada a não ser que está num lugar quentinho e protegido, nós "sabemos" de tudo. O bebê não sabe que algo vai acontecer, ao contrário de nós.

S disse...

aah Cindy continua esse post! sim? sim?