segunda-feira, 14 de julho de 2008

Oi, meu nome é Juliana também e eu tenho um problema a menos.

Dia desses, entre as portas abertas de Santa Teresa, ouvi um amigo gay dizendo que queria ter um filho. Meu amigo quase-nada viado. O mais interessante, bonito, inteligente. De onde estava, eu, intrometida assumida, gritei 'Eu também quero, mas minha filha não tem pai. O nome dela vai ser Cora, você gosta?'. Ele arregalou os olhos e perguntou se eu falava sério. Eu não estava, assim, declaradamente, falando sério. Desceu uma nuvem de seriedade sobre nós, no meio da muvuca. Tivemos um brevíssimo papo. E, uau!, de repente descobri que existe a possibilidade, sim, de eu ter um filho, uma filha, a Cora, com um cara legal.
Porque eu sou absolutamente, radicalmente contra banco de esperma para futuras mamães lésbicas. Eu acho legal essa coisa toda de novas estruturas familiares, ampliar horizontes, urru, ser uma pessoa mais bacana com as diferenças e igualdades e blá. Mas tem que ter pai-e-mãe. Homem e mulher.
De onde tiraram a idéia de que pra ser pai e mãe de uma criança as pessoas têm de formar um casal? Não pode ser só um acordo afetivo e legalmente embasado? Ajudaria a acabar com o peso do 'fruto do nosso amor'.
Até mesmo entre casais heterossexuais deveria existir a naturalidade de se ter filho com uma pessoa escolhida pelo cônjuge, uma pessoa que ele julgue mais bacana, responsável, fofa, whatever!, pra ser pai/mãe do bebê.
Ou eu tô open-minded demais da conta? Porque não tô discutindo sexo; mas prudência na hora de resolver ter um filho.

14 comentários:

marta disse...

Um casal heterossexual, com os dois tendo possibilidades normais de ter filho... vc acha que um dos dois pode escolher outra pessoa para ter filho?

rsss...

Depois fala do minha filosofia de amor livre!! hahaha!!!

=P

ju coniglio disse...

ué, pra mim faz sentido isso aí que vc disse, escolher pro seu futuro filho um pai que vc ache bacana.

mas não sou radicalmente contra banco de esperma nem acho que um pai ou uma mãe é assim tão necessário. é necessário que a criança tenha contato (e um contato positivo) com gentes de todos os gêneros, se é pai, mãe, avô ou avó, tio, tia, melhor amigo(a) de mãe/pai, etc, etc, etc.

Juliana disse...

sabe por que eu sou contra, jules? porque a gente é necessariamente feito de pai e mãe. dos dois. existe uma parte masculina e outra feminina. e acho dos infernos a pessoa ter possibilidade zero de conhecer o pai.

marta, o que escrevi, essa possibilidade de escolha nada tem a ver com sexo. tem a ver com procriação, com escolhas prudentes para a formação de uma pessoa legal.
eu posso ser apaixonada por x. mas achar que o y vai dar um pai muito melhor. ou uma mãe. whatever!

marta disse...

Eu entendi, Juli. Não tava falando de sexo tb não. Falo de procriação mesmo.
Se eu quisesse ter filhos e pudesse ter com uma mulher, eu ia querer que fosse com a mulher que eu amo. Por isso não consigo imaginar um casal hétero, saudável, escolhendo outra pessoa.
Tendeu?
=)

Juliana disse...

Mas por que você acha que a pessoa que você ama seria necessariamente uma mãe melhor do que uma pessoa que você acha do caralho?
Acho que paternidade e maternidade deveria ter muito mais a ver com formação e responsabilidade com a criação futuras de alguém do que com amor/casamento.

marta disse...

Mas, Juli! Isso é muito mais difícil de imaginar do que aquela minha tese que te falei naquele dia na sua casa!!
Vejamos: se Maria quer ter filhos e se ela ama José (e os 2 são perfeitamente saudáveis para terem filhos), pq vai querer ter filhos com outro cara, com as características do outro cara. E José, como fica? Será que ele nunca vai se sentir mal vendo o filho crescer tendo a cara de outro homem?

marta disse...

Juli, antes que vc fique de mal comigo... tô implicando, colocando pilha.

Mas realmente acho difícil imaginar um casal´fazendo esse tipo de escolha, a não ser que seja o casal do meu amor livre!! rsss...

:***

Geisy disse...

Hahahaha, Julieta! :D

Estou escolhendo desde a faculdade o pai do meu filho. Geralmente tem a ver com características intelectuais, mas também gosto de ver a altura e a cor do pai. Meu ex-orientador tem sido uma boa opção até o momento, até porque as filhas dele foram super bem feitinhas e têm lindas boquinhas. Ele é genial, bom caráter, alto e moreno. Perfeito.

Mas, realmente, eu acho que se eu fosse hetero e meu namorado quisesse ter filho com uma outra mulher "porque ela não teve espinhas na adolescência, é mais calma e mais inteligente do que você, mas mesmo assim eu te amo!", acho que iria ficar muito deprimida.

E eu também não acho que a figura masculina seja necessariamente o pai biológico presente. Tem muito homem no mundo pra ser exemplo masculino e já começo a selecionar quem será essa figura perfeita para ser meu melhor amigo durante 18 anos a partir do nascimento do meu filho.

E tenho dito.

Juliana disse...

Hahah
Geisy, eu não acho que a figura masculina tenha que ser o pai necessariamente. Mas acho que a total impossibilidade de conhecer o pai aumenta em 99% a chance da criança se ansiosa. Imagina vc definitivamente não poder saber quem é seu pai, jesus. não, não.
eu acho, sim, que deve ser deveras dificil lidar com o fato, nao acho 'simples assim'. eu, por ex., pretensiosa que sou, ia cortar os pulsos se minha mulher quisesse um filho de outra. mas, tipo. porque 'a gente é assim', muito ego.

Geisy disse...

Sei lá, Juli, eu não quero que meu filho seja perfeito. Por exemplo, eu estou com a Marina sabendo que ela tem defeitos e eu, particularmente, adoro os defeitos dela. Adoro mesmo, tanto quanto as qualidades. Então se meu filho, por exemplo, fosse inseguro e narigudinho por uma questão genética, eu ia preferir do que ter um filho perfeito, mas que não foi gerado pela Marina. Eu faço muita questão de poder visualizar as características dela no meu filho. Pra mim, aliás, uma das maiores graças de ter um filho é poder ver o que surge dessa mistura.

É claro que eu digo isso tudo racionalmente. Depois que meu filho nascer, vou começar a falar coisas mais sentimentais, tipo "não dá pra explicar o que é ser mãe, é muito amor, é muito amor!... não tenho palavras, só quero que ele seja feliz e tenha saúde".

:)

Vi disse...

gente quero continuar esse papo ao vivo, estou cheia de opinões mas a minha coluna não aguenta tanto tempo no computador! chopp-pre-leb com essa temática? com o objetivo de concluir se a juliette é ou não é "open-minded demais da conta"?

AR disse...

Cara, eu super desisti de ser mãe. E era o meu sonho dourado!

Unknown disse...

confesso nunca ter tido pretensões de ser mãe, mas fico pensando pra quem vou deixar minha coleção de selos ou explicar importância dos beatles na música. enfim, futilidades à parte, não sou radicalmente contra o banco de espermas e nunca, em nenhum momento, fiquei escolhendo que poderia ser o "possível" pai de um filho/a meu/minha....

Juliana disse...

Iôrdana,
eu não fico escolhendo, não vivo, ao menos por enquanto, essa angústia, porque esse papo ainda é futuro, como tantas outras coisas sérias na minha vida. Mas pensando seriamente - porque, sim, eu QUERO e VOU ter um filho - é legal saber que existe gente legal querendo fazer filho sem ter como tb.

Geisa,
eu acho fofo essa coisa de amar os defeitos dos outros, acho inclusive que amor é isso tudo e blá. o que eu to falando é que ter filho necessariamente com a pessoa que a gente ama tem tanto a ver quanto o cu com as calças. tipo. eu posso ser louca por uma pessoa louca. tipo. 'fodeu, emburreci e quis casar com o amor da minha vida que eh um safadopilantra'. mas meu lado maternal super consciente vai me fazer escolher a supernanny, em vez do safadopilantra. haha cara. juro. posso dar uma palestra sobre minha tiuria.