sexta-feira, 21 de março de 2008

"nunca mais"

"Nunca mais" não é exagero. Fico feliz de algumas coisas serem "nunca mais". (Ok, tô ouvindo "Funeral", do Arcade Fire). Tem coisas que eu sei que não quero nunca mais e é um alívio gigantesco porque eu quero tanta coisa...

Quando aceito uma morte fico anos mais nova. Mesmo que eu venha a morrer no dia seguinte, afinal nada a ver morrer com ser nova... Antes tivesse. Sim, claro que tenho medo de morrer e tenho um medo do caralho de ver morrer, mas se tivesse uma lógica que ao menos eu compreendesse. Ou vcs compreendessem, foda-se. Só que alguém soubesse.

Mas isso tá me fazendo pensar mesmo. Quando eu aceito uma morte fico mesmo me sentindo mais leve. E mais completa. Eu não mato pessoas, ok? Estou pensando nisso por causa do meu avô, por causa da casa da avó na Páscoa; e eu nem lembrava que era Páscoa, eu jurava que era Tiradentes até ver coelhos no trabalho ontem...

Estou dando voltas em torno do meu pâncreas ou do meu duodeno, algum desses lugares que não são point, e pensando muito nisso de quanto silêncio eu tolero, quão vazia eu suporto minha mente. E parece pouquíssimo. Mas a morte deve ser isso. Como vou fazer? O que aprendi de mim com tanto chope e gargalhadas na idéia? Como me calo inteira? Um morto tem que aprender a se calar, tenho certeza disso.

Acho que é por isso que aquela personagem desgraçada do "Gritos e Sussurros" me apavora. Ela morre, mas não cala a boca! Ela pede ajuda! Que cagaço! Tem que haver uma hora em que se para de pedir ajuda, você tem que se conter, se caber. E eu não me caibo bem, eu sobro de uns lados e de outros, pesco siri e sempre pago peitinho. Dá pra ver tudo que tá ali dentro...

Minha cabeça, hahaha, chega a ser engraçado pensar nela. Ela fica a céu aberto, mas com tanta palavra que não se vê nada. Daí não sou louca. Será que era isso, Ju, que a Hilda Hilst queria dizer? Eu achava ela maluca de qualquer jeito, e ainda acho se ela aparecer quanticamente no meu rádio ou na minha tevê. Eu penso em frases o tempo todo. Penso em histórias que poderiam ser, sobre mim, sobre seres mais imaginários que eu, sobre vcs todos. Penso que nem uma cachorra achando que vou escrever e invento meu livro que já está na 500ª edição e nada. E fica essa merda toda aqui, saindo assim, tipo vômito de possuída.

Deve ser por isso que quando aceito que morreu fico leve. Devem sumir vários dados, como apagar um arquivo de um filme; muitos megas, alguns gigas, um tanto de vocabulário, criatividade embora. Um tanto de silêncio inserido e parte do que morreu ainda nos cantos do meu aparelho, enchendo meu estômago e nutrindo meu sangue. Morto é adubo, morto vira "eu" e faz crescer.

Mas, caralho, como calar a porra da boca?

4 comentários:

Juliana disse...

abre a boquinha, bebê, deixa a tia colocar uma pilulinha-tarja-preta aí dentro.
sua malucona ansiosa!

todoseles disse...

HAHAHAHAHAHAHAAHHAHAHAHAHAHAHAHAAHHAAHAHAHAHA

AR disse...

mimica, você é fodona!

e já vi esse peitinho aí! é coisa nossa!

Juliana disse...

¬¬