quarta-feira, 26 de março de 2008
Eu, a Ju.
Eu fui um bebê estranho. Golfava e sufocava. A minha mãe teve estafa, porque tinha medo de dormir e eu morrer.
Aí virei uma criança pequena muito do bem. Quase não ficava doente, era fofa, super educada, gostava de me embonecar, pedia pra minha mãe esticar meu cabelo e adorava quando ela me enchia de laços ou chapéus.
Depois virei uma criança média/grande mais do bem ainda. Eu adorava brincar com as minhas amigas, mas me divertia mais na roda de adultos. Adorava os jantares intermináveis, ouvia quieta tudo o que falavam e achava mais divertido do que brincar de boneca. Eu ia pra cama cheia de opiniões, que muitas vezes eram dadas e levadas em consideração nas mesas.
Acho que foi por aí que eu comecei a pensar. A pensar mais que as minhas amigas, digo. Não sei se mais ou, pretensiosamente, melhor. Lembro de um grupo de amigas vendo um casal se beijando na piscina de Friburgo, todo mundo atrás do matinho, um fuzuê, as meninas falando 'eles estão transando!', 'não, sua burra!, eles estão fazendo sexo!'. E eu pensando 'Transar e fazer sexo é a mesma coisa. Idiotas.'.
Aí virei pré-adolescente-ladeira-abaixo: fumava com 12 anos, pegava geral, me apaixonava muito, todo dia por um cara diferente, tinha um travesseiro com o nome de todos os meninos com quem eu ficava e de quem ficava a fim. Transei antes das minhas amigas e me divertia muito com isso.
Aí virei adolescente-ladeira-abaixo-duplo-mortal-carpado: fumava maconha o dia inteiro, me descobri bissexual, comecei a ficar muito doente, operei 3 vezes num ano, repeti de ano por conta disso, minha melhor amiga se matou, mentia pra caramba pra poder sair de casa, fui a raves, provei LSD e ecstasy, corria pela praça XV sozinha às 3h da manhã pra chegar a tempo de pegar a barca e não decepcionar a minha mãe 'de novo'.
A adolescência passou e eu fui aos poucos sossegando, encaretando, levantando o bandeirão 'Abaixo as Drogas!', entrei na Letras por boas influências, comecei a namorar muito seriamente.
No processo 'being an adult', namorei por quase 6 anos a mulher da minha vida, comecei a trabalhar, emendar trabalhos legais em trabalhos mais legais.
Sou revisora, redatora publicitária e quebro uns galhos na produção de livros.
Ahn. Não sei terminar o post, porque não era nada disso que eu queria escrever. :)
Mais do que a história, eu queria contar o que eu penso, o que pensei a minha vida toda. Falar dos véus, da essência de pensamento, de como, apesar de ter crescido incessantemente por 26 anos, continuo pensando as mesmas coisas que pensava quando era criança.
Mas foi difícil, reescrevi várias vezes. E pensei que isso acontece mais fluidamente quando a conversa é, assim, à toa. :)
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11 comentários:
Post lindo. Eu tenho essa sensa�o, de que eu sou o mesmo garoto que esperava ,distra�do, o �nibus da escola chegar e que gostava de receber pap�is de carta. S� que com uma vida menos interessante e rock'n roll do que a sua, pelo relato hehe. Beijocas!
Tb achei o post lindo!
Juli, adorei o "adolescente-ladeira-abaixo-duplo-mortal-carpado"! hahaha... muito bom! Quer dizer, muito bom o nome.
Eu não posso fazer uma descrição assim da minha vida, pois ela teve uma fase de buraco negro, em que nada aconteceu. Enfim... deixa pra lá.
Eu brinco muito falando que minha adolescência foi um nada e foi mesmo, mas, falando sério, não tenho nada a reclamar da minha vida. Nunca fui "louca", nem revoltada, nem apressada. Acho que tudo aconteceu no tempo certo e se não fosse isso eu não seria hj o que sou. =)
ps: felipe, adorei seu nick!! hahaha.
Em tempo:
foto 1 - eu no minuto em que saí da barriga, quando ainda éramos, eu e minha mãe, uma coisa só.
foto 2 - eu hoje.
adorei as palavras. me fez voltar no tempo. tempo em que participei de algumas modalidades junto da Juli. muitos mortais carpados demos juntos, outros mortais nos lançamos, caímos e nos levantamos também juntos.
as provas estão ficando cada vez mais difíceis e concorridas. espero ansiosamente pela nossa plaquinha 10!!! =D
puxa, a marta sou eu.
juli, muito bom o post.
é, eu acho que vcs são meio parecidas. mas como pode? uma veterinária-artista-pensante. e a outra é matemática.
tá vendo? são essas coisas que dão nó na minha cabeça.
puxa, me senti mortalmente ofendida. se eu fosse um cavalheiro do século XVI, eu te desafiava prum duelo. eu tbm sou pensante, juro que sou! :_(
ah sim, o comentário foi em resposta ao da juli, pq eu sou pensante mas não tanto e esqueci de dizer. :P
ai, mas, meu deus, pensante é demasiadamente pensante. se vc não fosse pensante, eu teria te limado do blog ainda na lista de convidados. e ai de mim falar que a pessoa que escreveu o maior post do blog não pensa. ah, juliana. vai te catá. c entendeu. =D
claro que entendi, bobona. :P tava só brincando. :)
hauahuahuhua!!!
Só agora vi os comentários!
É Juliana, o pensante pra mim foi pq sou REALMENTE pensante. Tanto que dá nos nervos das pessoas e sempre me deixa com dor de cabeça no final de alguns dias.
Juli, essas coisas é que fazem a vida ser boa, não acha? Essas surpresas, esses surrealismos...
=)
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