segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Realidade


"Se a realidade existe a gente não precisa acreditar nela. Pois se acreditarmos, ela torna-se um objeto de credo. E se for um credo, então deixa de ser uma realidade objetiva. Se ela é uma realidade objetiva, não precisa que nós acreditemos nela pois é objetiva. Porém, se você acreditar nela, ao contrário, você não a estará honrando como uma objetividade e ela passa a não existir mais. É como Deus, você entende? Se você começa a acreditar nele, ele não existe mais enquanto Deus. Torna-se um objeto de credo. E isso não O honra muito, pois na sua Existência Ele não tem nenhuma necessidade que as pessoas acreditem Nele. A única chance de a realidade existir é nós não acreditarmos nela…"

(Jean Baudrillard)

---

A realidade! Ando pensando muito nela e confesso às vezes entrar numa onda muito doida. Outro dia fui a uma contação de histórias para adultos no CCBB e o tema era o tempo. Tempo e realidade para mim estão juntos. Vocês já experimentaram a sensação de mudança quando alteramos nossa noção de tempo?

Acabei de lembrar uma outra coisa: o espaço. Tempo, espaço...velocidade. Célebre fórmula da física. Então... o tempo tem relação com o espaço, a distância, o caminho e com a velocidade. Baudrillard fala disso e já li uma entrevista dele comentando sobre 3 filmes que teriam se baseado (mesmo que sutilmente) nas suas idéias: Matrix, O Show de Truman e Cidade dos Sonhos. Segundo ele, os dois últimos conseguiram captar a mensagem: a diferença entre ilusão e realidade não é assim tão evidente.

O filme de David Lynch (Cidade dos Sonhos) pra mim faz parte daquelas coisas que não fazem o menor sentido, mas que incomodam demais! Vi a primeira vez e “não gostei”. Está entre aspas porque tenho a impressão de que tenho vergonha de dizer que amei o filme mas não entendi lhufas. Aí acho melhor falar que não gostei. Na segunda vez gostei “menos ainda”, pq entendi NADA. É fantástico.

Desculpem, mas ando com agitação mental. Então tá tudo desorganizado. Soma-se a isso minha preguiça em escrever.

9 comentários:

Anônimo disse...

Marta, meu bem: asista "O discreto charme da burguesia".

entremos em "discussão" após, combinado?!

ju coniglio disse...

hmmm, não me convenceu. um deus depender de que não acreditemos nele é tão frágil quanto depender de que acreditemos. idem com a realidade.

outra coisa, a realidade é o que pra você? realidade é o conjunto das coisas que aconteceram e acontecem nesse exato instante? uma coleção de fatos? o futuro está incluído na realidade? não sei como definir realidade.

e eu entendo mulholland drive como todos os filmes do lynch: é um filme com uma única quebra de continuidade. se vc aceitar essa quebra, ele se torna linear. enfim, isso.
aliás, todos não. a estória real é diferente.

marta disse...

Vou assistir ao filme, Palomex! Valeu a dica. Depois conversamos sobre.

Ju! Não sei o que é realidade. POr isso viajo tanto. É um tema muito interessante pra mim. É louco.

Mas, qto ao filme: tem uma quebra de continuidade? Não estou lembrando bem, mas pra mim há várias, não? Tô falando que não entedi nada dele! rsss...

Anônimo disse...

Quanto ao Mulholland Drive, assisti algumas vezes, acho que não é bem uma quebra de continuidade. Acho que é uma quebra entre realidade e fantasia mesmo. Os filmes do Lynch são assim oh: tente ver as coisas na visão daquele personagem maluco. É uma história vista através dos olhos de alguém que já mistura a realidade à fantasia. Não importa se faz sentido ou não.

Adoro o blog, venho sempre aqui, não parem de escrever. :)

Clarissa disse...

"hmmm, não me convenceu. um deus depender de que não acreditemos nele é tão frágil quanto depender de que acreditemos. idem com a realidade."

Adorei isso, Ju. Assino embaixo, em cima e dos lados :)

marta disse...

Realidade e ilusão. E aí? Quem é quem?

Tinha problemas com Lynch justamente por não saber diferenciar e por querer que isso fosse "explicadinho" nos filmes. Tem que saber abstrair.

Eu achava (e ainda acho um pouquinho) que ele tava é sacaneando a gente com esse Cidade dos Sonhos. Não gostava dele. Detestei a Estrada Perdida.

Mas agora gosto dele. Vi uma entrevista muito legal com ele na TV Brasil. Ele falou sobre meditação e tudo que ele falou tem a ver com o que eu penso.

Bom... acho que isso não tem nada a ver com o assunto, né?

Deus existe? Quer existir? Quer ser acreditado ou desacreditado. Acho que o sentido da citação não foi bem esse...

=)

anônimo! obrigada! e continue com a gente!

ju coniglio disse...

ô! estrada perdida é meu lynch preferido!

claro que cada um vê o que cada um vê, né. e do jeito que eu penso as coisas, os filmes do lynch são filmes lineares (dentro dos axiomas daquele filme) com uma única enorme brutal quebra de continuidade:
* no mlllland drive (nunca sei escrever esse nome), se me lembro bem, a quebra ocorre depois que ela acha a caixinha do mendigo e os velhinho passam por debaixo da porta.
* na estrada perdida, a quebra acontece quando o cara tem um ataque e vira o outro.
* não me lembro de quebras tão dramáticas em veludo azul ou o homem elefante, talvez não tenham mesmo... sei lá.

o discreto charme da burguesia é foda. :)

marta disse...

Ju! Queria saber compreender assim os filmes do Lynch!! haha...

Vc tem razão quanto a essa "quebra" em Cidade dos Sonhos. Agora... o que isso pode significar são outros quinhentos (para utilizar a gíria da minha mãe). Os velhinhos são tudo no filme.

Sério, precisamos conversar sobre Estrada Perdida, pq não gostei mesmo. Ok, primeiro preciso rever, pois vi há MUITO tempo. Eu era outra pessoa.

Ainda não vi o filme do Buñel. =(

marta disse...

Adorei O Discreto Charme da Burguesia!!

Muito bom!