sábado, 13 de dezembro de 2008

Dezembro em Copenhague

Então eu vou falar, né. Vou falar mal de Copenhague.

Aqui existe uma tradição chamada Julefrokost (traduz-se almoço de natal, apesar de ser á noite). São jantares normalmente organizados pelas empresas , onde a galera come bem, canta as musiquinhas engraçadas-ha-ha dinamarquesas deles, se matam de beber, fazem um monte de merda, trocam presentinhos e traem os companheiros. Sim, porque não pode levar marido-esposa-namorado (a). Não tô brincando. Todo mundo sabe que o objetivo é cair de beber e trair. É como se fosse perdoável nessa época do ano. Só pra vocês terem idéia de quanto eles bebem, o ministério da saúde estabeleceu como aceitável 21 doses por semana para um homem e 14 para uma mulher. Onde 1 dose= 1 long neck. Quer dizer, tudo bem beber 2 ou 3 cervejas por dia durante toda a sua vida, sem ser considerado um alcoólatra. Mas isso na base do dia-a-dia, hein? Agora tenta imaginar como fica a coisa nessas festinhas de empresas. Imagina só: tá frio pra caralho, o dia amanhece às 9 e termina ás 3 e meia da tarde. Se você trabalha num escritório normalzinho de 9 as 5, você não vê luz, não! Sol, nem sonha!! Já não vejo a cara dele há quase um mês. Então, aí a galera fica meio bitolada em trabalho-família-trabalho-família. Essas festinhas viram válvula de escape. As festinhas e a histeria natalina, mas isso é outra história.

Mas eu quero chegar mesmo é no inferno que a cidade vira nessa época do ano. Eu acabei de chegar em casa. Voltei de metrô e ônibus da casa de uma conhecida às 2 da manhã. Grávida e 100% sóbria. Sério, parece que eu moro numa cidade habitada por retardados. Sem brincadeira. TODO MUNDO está bêbado. TODAS AS PESSOAS na rua estão bêbadas. E as ruas estão cheias. O metrô lotado, e as pessoas desaprenderam a pedir licença, a ignorar estranhos, a não cair encima dos outros, a não encarar. E eles gritam. Tudo o que eles não gritam o resto do ano. É como se eu vivesse num grande centro de reabilitação social, onde todos os pacientes acabaram de chegar.

Obrigada.

11 comentários:

Clarissa disse...

Nossa, Caru... eu não teria um pingo de paciencia. Dever ser mesmo um inferno... parece que vc é o unico ser que raciocina no meio de um monte de trapos humanos vivos e chatos, rs. Que bom morar no brasil. A proposito, vc volta um dia? Sera q um dia vou te conhecer? bjkas

Clarissa disse...

Vixi, agora que vi que vc é a Guadalupe. Ai, q confusão...rs
É só uma questão de destrocar os nomes, pq não conheço nem vc nem Caru, hehe. Cês voltam?

bjs

Vi disse...

Hahaha tô rindo sem parar do seu "É como se eu vivesse num grande centro de reabilitação social, onde todos os pacientes acabaram de chegar." :D

Pois é, a Finlândia tem a mesma tradicão... se chama "pikkujoulu" (="pequeno natal"). Agora tá bem na época de ter essas festas por todos os lados. Não consigo imaginar destino pior do que precisar testemunhar tudo isso sóbria.

(Já o Natal "verdadeiro" é uma delícia! Bem calmo, soleno e lindo. Os dinamarqueses ficam histéricos com o Natal? Fiquei curiosa, conta mais de lá?)

marta disse...

Olha! Adorei o relato. Quer dizer... não o relato em si, pq compactuo com suas opiniões, mas legal vc ter escrito.

Pois é... então parece que essa época é igual em todos os lugares, né? As pessoas ficam enlouquecidas.

Eu ia falar sobre isso aqui, mas como já encho o saco das pessoas com essas reclamações que resolvi não fazer. rsss...

bjs

Geisy disse...

Fernaaaaaaanda, adorei seu desabafo!! Desabafe sempre aqui!! :*

Putz, deve ser mesmo bizarro viver essa época do ano aí. Imagino que, como em todo o mundo, a época de Natal seja a com maior índice de suicídios, porque tem o agravante do sol que não é nada desprezível.

E acho tranqüilo vocês falarem bem ou mal do Brasil com argumentos. Eu acho péssimo é quem critica falando "isso é comportamento de terceiro mundo" ou termina com "por isso que o Brasil não vai pra frente", porque o que há de pior são os clichês preconceituosos de quem não aceita mais dividir os estigmas. Buscar distinção de um grupo do qual você já fez parte... isso eu acharia ruim (tipo ex-pobre que fala mal de favelado). E definitivamente não é o caso de vocês, então acho que vocês ficam liberadas pra falar mal do Brasil sempre, tá? A gente pode até ajudar. :)

Beijão pra vocês, "estrangeiras" que escrevem tão bem!

todoseles disse...

Fernanda, eu te amo. Obrigada, muito!

Guadalupe B disse...

td bem, Clara, eu entendo sua confusão, pois eu escrevi na onda da Caru, apesar de tbm não conhece-la.:) Eu volto sim, mas só pra passear. E quero visitar o Rio dessa vez! Saudade.
Vi, é a mesma loucura na Finlândia??? Acho q é uma doenca escandinava então. Depois eu escrevo sobre a histeria natalina q tbm ta me dando nos nervos.
Marta, acho q aki é pior ainda, viu... Tipo a 1oa potëncia..
Geisy, geisy. Vou desabafar mesmo, pq ando nervosa. Hormônios?
Obrigada pelo apoio. Falar mal do Brasil eu näo tô com vontade. talvez dos brasileiros? hehe.
E cindy, eu tbm te amo!!!

Caru disse...

Haha, adorei imaginar Copenhague como um grande Rehab. Eu tambem nao quero falar mal do Brasil nao. Eu to eh morrendo de saudades, mas as vezes nao da pra evitar.

Clara, eu nao sei responder a sua pergunta. :)

Tem dias que eu acordo e quero voltar e tem dias que eu acordo e quero ficar por aqui.

Bom, mas com certeza uma visita ao Rio esta sempre nos meus planos.

S disse...

Vai Fê, desabafa! Não fica nervosa (:
Conta mais!

Juliana disse...

Deus que me livre. Eu tenho que me tratar antes de viver num lugar assim. Não tenho paciência pra essa histeria, não. Odeio gente bêbada, falando alto, muvuqueira, traição. Ai, me dá dor no estômago. Nem curto.
Cuida do seu hóspede de barriga, pra ele não se irritar!

Guadalupe B disse...

Pois é, Juli, eu tbm detesto gente bêbada, mas copenhague é normal durante o resto do ano.:). Igual carnaval no Brasil é uma época de merda, o natal aqui estraga td.
Não se preocupe, pode vir me visitar!! :D
Tá bom, Sabrina, vou reclamar!:*