terça-feira, 28 de abril de 2009

eu acho assim

eu acho que você não é obrigada a consumir, a comer, a falar, a vestir, a respirar, a rir, a ser feliz, a ser alguma coisa, a trabalhar, a nada. você pode escolher negar tudo isso, escolher viver como quiser, numa caverna, na floresta, no convento, no tibete, na rua, na fazenda, numa casinha de sapê, viver à margem dessa sociedade.

você pode. você tem essa escolha. mas toda toda TODA escolha tem conseqüências. tudo tem dois (mil) lados. existem infinitas escolhas e cada escolha gera suas conseqüências, pro bem ou pro mal. o que eu acho é que quando se reclama da falta de escolhas, no fundo no fundo, está-se reclamando das conseqüências das escolhas que se queria escolher. que escolher o dia é perder a noite, que escolher trabalho é perder lazer, que escolher ter coisas é perder dinheiro.

daí entra com uma coisa que geisy disse: ninguém tem todas as escolhas, claro. minhas possíveis escolhas não são as suas. você pode achar que minhas opções são melhores, que as opções de um são melhores que as de outro e talvez você tenha razão.

pois que fique bem entendido: eu não acho que todos somos iguais, não acho que a minha vida é tão fácil e tão difícil quanto a da maioria. acho sim que nós aqui somos privilegiados, todos nós. que qualquer um que tenha possibilidade de ler isso é privilegiado. mas acho também que, nós privilegiados temos opções muito parecidas.

por outro lado, confesso que tenho uma puta tendência a pensar em eras geológicas, pensar o tempo em séculos, pensar a humanidade como um todo e não individualmente. daí que sou otimista pra caralho...

16 comentários:

Marta disse...

Pois é...

Acho que temos escolhas sim, sempre temos. Podemos "ir contra os padrões da sociedade" e não consumir, não usar roupa da moda, não ver BBB, não comer carne, não beber, ir morar numa caverna no Tibet. Concordo plenamente com vc: TODA escolha tem consequências e o problema para se fazer determidadas escolhas "difíceis" é o apego.

Cara... sei lá... sempre achamos a grama do vizinho mais verde, né? rss... Eu fico puta qdo falo que faço artes e a pessoa faz aquela cara: "aaahhh... tb queria ser artista, ficar desenhando, pintando, pensando...". Porra! Vai ser então.

Quando eu penso na humanidade como um todo, não fico muito otimista não...rs...

ju coniglio disse...

hahahhahah 'queria ser artista' é ótimo :D

mas aqui, cê não fica otimista de pensar como as coisas eram há 300 anos e como são agora? como era a mortalidade infantil, a fome, a quase inexistência de direitos civis e o caralho a quatro? quantas soluções criativas e cada vez menos ruins, environmentalmente e socialmente falando, têm surgido nos últimos 100, 200 anos? pô bicho, eu fico otimista. fico sim.

ju coniglio disse...

essa discussão toda de escolhas me lembrou esse treco "Deus concedeu ao homem o livre-arbítrio, o terrível privilégio de condenar-se ao inferno ou de merecer o céu" de um texto de borges sobre swedenborg.

daí que acabei de descobrir que eu não tenho esse livro, entrei em pânico e comprei pela internet. jaíza tem sempre razão...

Marina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marina disse...

de fato...como a Juli falou....devemos nos reunir ao vivo para falar sobre isso....seu contraponto ainda dá pano pra manga pra discutir...hehe

Anônimo disse...

Ô Ju... será que eu posso copiar esta postagem para o meu blog?
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Bom, já faz um tempo que eu acompanho o blog, nem sempre posso comentar mas gosto muito de tudo!
Espero que me entenda! hehehe
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Gostei mais desta postagem porque disse o que eu diria lá no blog mas de uma maneira que não saberia explicar. Não é inveja é admiração, tá?! hahaha
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Um grande beijo e parabéns pelo blog pessoal (parece que são muitos os que escrevem, isto?).
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Sabe Ju, eu gosto da maneira como vc pensa. Eu penso que posso estar perdendo uma grande amiga. Pena que não somos vizinhas! rs
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Eu concordo com a Marta em dizer que qndo pensando na humanidade fica dificil ver otimismo. Mas eu tbm entendo o seu ponto sobre pensar por séculos de existência. Nossa este assunto 'dá pano pra manga' mesmo!
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Mas qndo eu penso na humanidade, como um todo, a verdade é que penso no meu blog a Bíblia: www.a-biblia.blogspot.com
Eu acredito bem naquilo que você falou Ju, sobre o livre-arbítrio. Mas pelo que eu sei da Bíblia (sou uma grande estudiosa) não existe inferno não. As consequencias para as más escolhas levam a outras coisas más. Inclusive a Bíblia (clássica em hebraico) é bem clara quanto a isto! É lamentável que exista a possíbilidade de enxergar a Bíblia de diferentes modos.
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Gente qnta coisa né?! hehehe
Desculpe se pareço invasiva! rsss
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francielygst@gmail.com
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bjokas
Fran

palácios disse...

ó, eu vou cair de paraquedas aqui: ao ver a humanidade como um todo, eu não fico otimista; nem pessimista. acho que tudo sempre foi a mesma merda e sempre será, porque a chave pra felicidade passa longe de se morrer mais ou menos, de se ser mais ou menos higiênico...
e olhando a história do mundo eu não vislumbro a possibilidade da vinda de um messias que apareça para nos ensinar aquilo o que realmente interessa (o último tentou mas não teve muito sucesso)... e também intuo que não vamos aprender isso sozinhos.

pô, e acho que o colega que comprou o livro pela internet tinha a escolha de baixar aqui: http://www.pdf-search-engine.com/sociedade-do-espet%C3%A1culo-pdf.html

fica a dica!

=)

Geisy disse...

Olha, eu acho assim:

Não é uma escolha justa dizer "se não gostou, vaza!". Eu acredito muito que a maior parte das pessoas não gosta do mundo como ele é, por isso fica reclamando loucamente na coluna do leitor, entendeu? Tem diversos sintomas sociais que mostram que as pessoas são mais insatisfeitas e/ou acomodadas do que realmente felizes.

Quem vai ser a primeira a dizer que isso é da natureza humana? ¬¬

Ok, descreva-me a natureza humana. Nem a de uma ameba eu sei descrever. E olha que eu sou bióloga!

Mas continuando... Simplesmente vazar, virar hippie, não é uma escolha real. Pra mim, esse é um limite grande das nossas escolhas: você é criada de uma forma, você sabe existir assim, sua família e seus amigos também. Você enxerga defeitos nessa forma de viver e quer mudar algumas coisas, mas é claro que é ruim e perigoso demais mudar tudo, largar tudo! Enfim...

Me explica essa parte de pensar em eras? :-|

Geisy disse...

Não seria legal se em vez de "vaza!", te dessem a opção "vamo aqui discutir onde e como é que podia ser melhor"?

Tipo, eu trabalho no governo e a gente fala sempre em gestão participativa. Alguns espaços estão se abrindo, mas é incrível ver como as pessoas são despreparadas pra discutir "como é o ideal então?"

Não se ensina a pensar assim na escola. Ensinam a gente a se adaptar, não é isso? E se não quiser, vaza! hehe

Rafiux disse...

Ai! Eu tb sou otimista!!! MUITO!

Marta disse...

fugir nunca é legal...

ju coniglio disse...

êba! rafiux, que bom que alguém é poliana comigo! :D

jaizinha, muitos panos, muitas mangas, mas em resumo, eu acho que vc tá querendo é escolher pelos outros.

fran, o texto sobre o inferno e o céu, que coloquei no comentário, não é da bíblia. pesquisa swedenborg no google. :) de mais a mais, eu acho que quanto mais interpretações melhor, pra todo e qqer texto. e sim, pode copiar. aproveita e dá o link daqui da gente.

carulina, eu comprei o livro pq gosto de ter livros em papel, livro com cheiro de livro pra enfeitar a estante e pra consultar sempre que der vontade.

Juliana disse...

Juja e Rafa, eu sou otimisto-preguiçosa. Eu acho que as coisas todas podem melhorar e coisa e tal. Mas vai dar um trabalho tão giga. E, ah. É malvado eu pensar que 'não vou tá aqui pra ver mermo'? É, né? Ugh.
E, Marta, eu acho que fugir às vezes pode ser bom. às vezes a gente foge e volta melhor.
E essa coisa de ter escolha, muita escolha. A gente tem. Mas a gente vive com limites, limitações. E a partir do momento em que a coisa é muito, muito difícil, acho que em alguma instância ela deixa de ser escolha pra ser alguma outra coisa que eu não sei dizer. Tipo. Eu vivi a vida toda na minha casa, no ar-condicionado, com comidinha no prato e tudo que nós todas temos. Em tese eu tenho a escolha de abdicar disso e viver na floresta. Com os bichos. Me fodendo pra caçar, comer, fazer foguinho. E, cara. É escolha? É. Mas não é. Mas é. Mas não é. Porque por mais que eu pretendesse abdicar da vida que tive pra viver isso - feliz, note bem, não suicidamente -, muito provavelmente eu morreria. De picada de bicho, de fome, de medo.
Tudo isso pra dizer que acho que as escolhas são infinitas na teoria. Na prática, não sei. Não sei mesmo.

Marta disse...

verdade, juli... retire o 'nunca'

=)

Geisy disse...

ju coniglio, minha cara, se você não usar argumentos eu só vou poder achar que você viajou, hehehe

julieta, contigo eu concordo. adoro você escrevendo do jeito que você fala. :*

Marina disse...

Como assim a Geisy quis escolher pelos outros, ju coniglio? Num entendi seu comentário tb....ela tava falando em participação, justamente o contrário...