sexta-feira, 24 de julho de 2009

Pois é, virei mãe

Quando ele chegou, eu não o reconheci. Ficava analisando aquela carinha e tentando entender que esse bebê é o mesmo que esteve na minha barriga por 41 semanas. Ainda não entendo. Mas eu aprendi a amar o desconhecido. Aprendi a gostar em 1 segundo e a amar em algumas semanas. Amo quem ele é. E eu sei que o amaria independente de como ele fosse, mas o meu amor tinha que se adaptar à sua personalidade. É como se antes eu não tivesse coragem, fosse tímida, não ousava conversar com ele. Pois eu não sabia quem ele era. Mostrar muita intimidade seria como dizer que ama no primeiro encontro, entende? Não é natural. Mas ele sempre me intrigou, assim mesmo como um bom caso de amor começa.
Agora eu tô vendida. Converso em sílabas soltas, tenho as roupas manchadas de leite, não me lembro do que comi ontem nem pra onde estou indo, tenho olheiras pretíssimas, converso sobre fraldas, faco caminhada empurrando carrinho, falo com quem não me responde. E gosto. Brinco a maior parte do dia. É isso: uma coisa boa em se ter um bebê é que se é obrigada a tirar tempo pra brincar. A casa está cheia de brinquedinhos coloridos e os livros fora da estante são sobre bebês e tudo relacionado a eles e a ser mãe (e pai).
Eu nunca fui uma “baby person”. Nunca me interessei por bebês e reconheço que muitas das atitudes de novas mães me incomodavam bastante. Tipo carrinhos de bebê congestionando os corredores da minha loja de departamentos preferida. Agora eu passei pro outro lado: me incomodo com as pessoas sem carrinho empacando meu caminho na sessão infantil da minha loja de departamentos preferida.
E eu viajo, entro em paranóia por coisas que podem acontecer em 1, 20, 30, 40, 50 anos. Já tive medo de passar minha velhice num micro apartamento no gueto de Copenhague, sozinha, aguando flores de plástico na varanda, viúva e com um filho que não retorna minhas ligações. E o que eu vou fazer para sair por aí quando for ao Brasil? Tô me cagando de medo de ser assassinada, de alguém machucá-lo. E como vou carregar carrinho, cadeirinha de carro, bolsa e toda essa tralha sozinha? Ah, e um bebê “on top of everything”. É como se esse troço de ser mãe tivesse aberto um novo leque de possibilidades para a parte do meu cérebro que organiza as minhas neuras.
Te digo que é um inferno na minha cabeça. Um inferno feliz.

7 comentários:

letícia disse...

lindo-lindo, fernanda!

Juliana disse...

minha mãemnésia preferida. a mais linda, a mais gatona, a que escreve melhor. e a que tem o filho mais lindo, redondinho. o rei da banguelândia.:)
<3

ju coniglio disse...

que fofo, que bacana, que inveja. :) parabéns!

Marta disse...

=D

nenéns nascendo!

Marina disse...

fernanda, seu post foi o mais fofo e sincero de todos ever!! lindo!

todoseles disse...

Fernanda, estou ha quase uma semana pensando no seu post e só agora lembrei de comentá-lo... Eu sabia que vc seria uma das poucas pessoas que poderiam me explicar verbalmente a sensação de ser mãe! Eu fiquei feliz qd vc ficou grávida pq eu sabia que era uma das melhores formas de eu tb ficar grávida sem de fato ter o bebê! :D Fala mais sobre isso pq é um dos assuntos que eu mais gosto no mundo e Zé Matias Hamleto é um dos rapazes mais "filho" que tenho!

Guadalupe B disse...

Brigada, gente!!!
Que fofas, vcs... É a primeira vez que sente pra escrever depois q ele nasceu. Pode deixar q já tem mais..hehe. Espero que eu não aborreca vcs..hihihi
beijinhos meus e da gaivotinha